20131116

Sobre o movemento sen terra no Brasil

Agora remato de recibir un pequeno informe de Amarante-Setem sobre a visita de Kelli, que así se chamaba, a Galiza. Informe que paso tal como o recibo:
INFORME SOBRE A VISITA DE KELLI MAFORT (MST) À GALIZA.
Datas: 31 de outubro e 1 de novembro de 2013
Objetivo da visita: que a companheira Kelli Mafort (membro da Direcção Nacional do MST e coordinadora nacional do setor de gênero) informe sobre a reforma agŕaria popular e a preparação do VI Congresso Nacional. Também, que possa identificar lutas e resistências na Galiza (e na Europa) e articular alianças com elas.
Reuniões mantidas:
Dia 31 de outubro:
–AGE e BNG no Parlamento galego.
–SLG, em Compostela.
–Reunião com coletivos em Compostela: Amarante, SLG, Contraminacción, Plataforma Auditoría
Cidadá da Débeda, Verdegaia e Partido SAIN. Compostela.
Dia 1 de novembro:
–Reunião do comité de apoio mútuo MST-Amarante.
–Reunião com coletivos em Ribadeo: Amarante, Amodiño, A Casa Azul, A Estruga, As Grelas, Espazo Ecosocialista, labregas da zona, O Formigueiro, Observatorio da mariña pola igualdade, O Tesón.
ANÁLISE DA COJUNTURA.
Reforma agrária popular
Passaram 7 anos desde o anterior congresso e o que se vai celebrar em fevereiro levará por lema “Lutar! Construir reforma agrária popular!”. Estes anos de trabalho têm resultado em uma reforma agrária que é quase uma reforma agroambiental, donde é considerado todo o território, incluindo os recursos naturais e as populações que vivem no campo.
Nos primeiros anos da luta pela reforma agrária, o MST tinha uma mensagem clara de ocupar terras improdutivas. Agora, esta situação mudou e já não se trata de terras improdutivas em mãos de fazendeiros, senão de grandes extenso s de terra pertencentes a empresas ẽ transnacionais (não só agrícolas) dedicadas à produção de commodities agrícolas para a exportação. Por exemplo, em Riberão Preto (de donde vem a Kelli) a cana de açucar ocupa o 99% da terra.
Muita gente, incluidos intelectuais de esquerda, concluem, então, que como já não se trata de terras improdutivas, a reforma agrária é algo superado e atrasado.
Há lugares em que o MST já não pode propôr mais ocupações porque o agronegócio é tão forte que já não ficam terras, e ninguém quere ir para o campo. Para continuar combatendo, o MST incide na sua identidade: as e os Sem Terra não são só pessoas sem terra, mas que lutam por outras moitas cousas. De jeito que em esses territórios são as pessoas já assentadas as que continuam resistindo.
Ademais, o MST ve imprescindível que, no Brasil, onde só um 14% da população vive no campo, a preocupação pela terra seja uma questão também da população urbana. E tratam de estabelecer relações entre o campo e a cidade, a travès, por exemplo, de pontos de venta directos à entrada dos assentamentos.
Gênero 
O setor de gênero no MST foi creado no ano 2000 e garante a paridade em todos os espazos a partir de 2006: nos núcleos, nas direções estaduais e nacionais, nos espaços para formação, etc. Por exemplo, no VI Congresso, dos 12.000 participantes, 6000 têm de ser mulheres. E conseguimos também que o gênero seja tratado com um assunto da organização do MST, e não só como algo circunscrito ao setor de gênero.
No entanto, essa participação não é efectiva, pois a mulher sofre uma sobrecarga de trabalho e diferências no acceso aos méios de participação (os liberados são maioritariamente homens, os carros são dos homens, etc.). É dizer, temos de continuar a luta dentro do própio do MST para que as condições para participar sejam equitativas e efetivas.
As organizações de mulheres existem desde o comezo no MST, e permitem um espaço de empoderamento das mulheres para depois poder afrontar os debates sobre a questão do gênero nos espazos mixtos.
As datas de luta mais significativas são o 25 de novembro (campanhas contra a violência contra a mulher dentro da Via Campesina) e o 8 de março, que, desde o 2006, se dedica a ações de luta focadas nas empresas transnacionais, já que as suas atividades têm um grande impacto sobre as mulheres.
Últimos protestos no Brasil
Os protestos de junho sorprenderam ao MST e às organizações de esquerda em geral pois ninguém esperava movemento ningúm no Brasil depois de comenzada a Copa Confederações.
O segundo motivo de sorpressa foi que houvesse tanta gente jovem nos protestos.
Não se pode fazer uma letura só desde o que passou em São Paulo ou Rio: no interior do Brasil houve protestos en cidades donde nunca houve (ou havia muitos anos).
Para o MST foram motivo de alegria. Não assim para partidos e organizações de esquerda, que desprezaram os protestos qualificando eles de estar chéios de gente despolitizada.
A avaliação desde o MST é positiva. Talvez haja gente sem uma formação política, mas isso acontece porque desde esses mesmos partidos e organizações não foi realizado esse trabalho de formação de base. Ademais, no momento em que os protestos na rua baixaram em intensidade, muita gente procurou como continuar no concreto. É aí que muitas dessas pessoas procuraram os assentamentos do MST, para comprar produtos agrícolas e também para contribuir com os assentamentos. Para o MST resultou na incorporação de novas pessoas.
Debates surgidos com os coletivos:
Em Compostela:
A importância da articulação de lutas pola defesa da terra, em calquera das suas expressões concretas: luta contra a minaria destrutiva, defesa da socerania alimentar, etc. Seria interessante que todas essas resistências fizeram uma letura do global a partir de esse processo concreto, para podermos construir juntas uma análise da situação política e, a partir de ai, articular uma estratégia
conjunta.
Vemos que tanto em Brasil como na Galiza há uma tentativa de incidir na relação entre o campo e a cidade nas lutas pola terra. Houve também um debate sobre a capacidade de resposta das organizações de esquerda tradicionais fronte a novos protestos como os de junho 2013 no Brasil ou o 15M na Galiza.
Em Ribadeo:
O debate teve como protagonista o abandono do rural, que também é um ponto em comúm, mesmo com realidades bem diferentes quanto a distribução da terra no Brasil e na Galiza. Como conseguir que os jovens queram ficar no campo quando o que se incentiva é viver na cidade ou como conseguir medidas que favoreçam a soberania alimentar (no Brasil, o 35% da merenda escolar tem de proceder da agricultura familiar), foram dois dos temas mais debatidos.
A modo de conclusão:
As pessoas que participamos em estes encontros, confirmamos mais uma vez que uma luta internacionalista é necesária para fazer fronte ao capitalismo neoliberal e que estes encontros são uma boa maneira de nos conhecermos melhor e continuar articulando as nossas resistências.
Novos encontros:
Em outubro de 2014 terá lugar em Galiza o encontro europeo entre o MST e os comités de solidadariedade-apoio mútuo. Desde Amarante, já estamos trabalhando para dar-lhe forma e, com seguridade, voltaremos a contactar convosco para que participedes e continuemos com este trabalho de tecer alianças.
Agradecemos de novo a todos os coletivos a súa participação (ou a tentativa, para aqueles que não puideram finalmente estar presentes). Um abraço grande a todas e todos.
Amarante-Setem

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